domingo, 13 de março de 2011

#15

Doces brisas recendem à flor matinal
e inspiram o tão sublime, suaves,
ânimo das jangadas à guisa dos mares,
que mansos fitam seu irmão celestial:

- Quão azuis resplandecem dos céus os ares...
Mui azul mais é meu âmago abissal!
se não te olvidam as nuvens, anilas mal
e dormes infeliz. - Divagam os mares.

Calmas vagas recendem à noturna paz.
Nos celestes campos floresces formosa...
Mas que nos mares mais formosa brilhais!

Se habitas os céus só imperiosa
contemplada por estrelas numerosas,
saiba terem os mares mil jangadas mais!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

#14

Concreto sol declara tola figura
pálida, inerte, rija: eis o dia!
Faca estúpida corta sem ternura
todo gentil abstrato da luz sombria.

Azul labora densa amargura
de vida que não há, só se anuncia
para dia já findo, mas que perdura
na alma de um corpo só agonia.

Que chegue a noite e seu ar macio
que ainda dia será nesta hora
tão silente em que uiva o fastio.

Cerram-se as vistas e se vai embora
pelo próprio oceano bravio
então noite e vida serão agora...